Era um convite pouco convencional para alguém tão novo como ele, que tinha apenas quatorze primaveras. Apesar de contrariado, concordou. Afinal de contas não estava saindo com um estranho.
— As coisas ficarão ainda piores, mas depois tudo irá melhorar! Confie em mim e tudo acabará bem — seu progenitor lhe dizia enquanto o levava pela mão para sentar-se no balcão daquele antigo bar.
Enquanto tomava seu suco, o pálido menino de volumosos cabelos cacheados, sentia um familiar gosto que em nada tinha a ver com as laranjas que ali deveriam estar. Sua cabeça começou a girar e quando a vertigem atenuou-se, tudo apodrecia diante de seus olhos com uma velocidade assustadora. Enxergava a morte para onde quer que olhasse. Apesar de não ter plena certeza do que era real ali, tinha certeza de uma coisa: não estava em boas mãos. Precisava sair de lá!
Correu para a rua, porém os sons distorcidos ao fundo e as imagens pouco distintas aos seus sentidos entorpecidos, tornavam a tarefa de voltar para casa um obstáculo intransponível.
Diante de seus pés uma pena negra caíra enquanto um arrepio lhe subiu pela espinha. Uma presença enorme alçava-se às suas costas. O garoto não se virou, podia senti-la e sabia do que ou de quem se tratava: escutaram seu silencioso clamor por ajuda.
O bando corvejava acima de sua cabeça guiando seus passos dentre à neblina gélida e espessa enquanto a temível criatura de olhos luminescentes o escoltava. Estava à salvo…
Por enquanto!
Copyright © 2019 Ravenna Garcia
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